Sobre mim

Professora de formação. Viajante de coração.
Meus caminhos pelo mundo são feitos de história, poesia e felicidade. Descubro lugares e me descubro através das viagens.
Como diz o velho ditado: A gente só leva da vida a vida que a gente leva.

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terça-feira, 22 de março de 2011

A paciência "tsunâmica" dos japoneses

Olá, amigos!

Passado algum tempo do terrível terremoto/tsunami que atingiu o Japão, não venho aqui com nenhuma intenção de dar notícias sobre o assunto, até porque esse é um blog de viagens, contudo, apesar de o Japão nunca ter feito parte das minhas intenções de viagem, tenho que mencionar a admirável paciência que venho percebendo nos japoneses! É incrível como eles se importam com o outro!
Tenho um conhecido que mora lá (a cidade dele não foi atingida!) e ele já havia me falado sobre essa cultura oriental de tentar importunar o mínimo possível o outro. Ele havia dito que os japoneses usam máscaras no seu dia a dia justamente para não contaminar o outro com uma possível gripe; os japoneses, ao chegarem em casa, tiram seus sapatos para não importunar o vizinho do apartamento de baixo; ou ainda: no metrô todos ouvem suas músicas (COM FONES DE OUVIDO!!! Será que os cariocas já ouviram falar nisso??) e nem olham para os outros para não correr o risco de estarem sendo inoportunos e indelicados. Achei tudo isso muito estranho, mas agora, vendo a tragédia que se abateu sobre aquele país, percebo o quanto esse tipo de cultura é importante para manter a ordem.
Vi pessoas ficando horas (literalmente!) nas filas dos postos para abastecerem seus carros. Sem reclamar. Sem buzinar. Apenas esperando, pois todos estavam ali na mesma situação! E, como eles têm a consciência de que ninguém é melhor que ninguém, de que ninguém precisa mais que ninguém, simplesmente não há arruaça, não há confusão. TODOS esperam sua vez com calma.
Também vi senhores e senhoras ficarem horas em filas para receberem um bolinho de arroz, o que seria toda a sua refeição diária, pois é o que o governo está podendo dar a todos. Ninguém reclama ou protesta. Todos sabem que, quem está ali, naquela situação, está porque não tem o que fazer, por isso, protestar seria inútil.
Há uma cultura de paciência intrínsica aos orientais e é isso que evita o caos de saques, assaltos e imposição de toque de recolher, que é o que normalmente acontece nos países ocidentais que passam por tragédias semelhantes. Fiquei admirada em ver como um país pode reagir de forma tão positiva e pacífica a uma tragédia dessa proporção! Até tive vontade de estudar mais sobre essa cultura que, confesso, nunca me interessou muito. Porém, agora, vendo o comportamento exemplar desse povo passei a admirá-los e até a ter vontade de conhecer tudo mais de perto um dia.
Fico vendo o brasileiro que nem precisa de tragédia para mostrar seu imenso egoísmo! Sua política de "farinha pouca, o meu pirão primeiro!". É tão triste perceber o pouco que as pessoas se importam umas com as outras. Vejo gente nos ônibus, literalmente, roubando o lugar dos idosos, grávidas e deficientes. E nem se importam! Acham que têm razão!  São as mesmas pessoas que ouvem música em seus celulares SEM fone de ouvindo, obrigando todo o ônibus a compartilhar de seu mau gosto musical. Certamente são as mesmas pessoas que furam fila no banco, que não devolvem um troco que recebem a mais ou que sonegam impostos inventando dependentes inexistentes para poderem pagar menos.
Todas essas atitudes revelam a falha de caráter latente no brasileiro (provavelmente na maioria dos ocidentais, mas só posso falar pelo meu país) que aprendeu que o certo é levar vantagem em tudo, mesmo que, para isso, tenha que prejudicar outras pessoas. E isso vai desde o limpador de rua até o presidente da república. São poucos os que escapam! Honestidade virou artigo de luxo nesse país! Pior: quem é honesto passou a ser visto como idiota, como alguém que não merece ser levado a sério.
Às vezes eu fico imaginando o que aconteceria se uma tragédia como a do Japão acontecesse por aqui! Como a população se comportaria? Eu sei que existem muitos brasileiros dispostos a ajudar os outros, haja vista as campanhas feitas na época da tragédia da região serrana, mas mesmo nesse episódio, que foi a maior catástrofe natural do país, houve desvio de doações e, provavelmente, de verbas para as mesmas.
Infelizmente fomos forjados no ferro do "jeitinho brasileiro" onde todo desvio de caráter é justificável para trazer vantagens a quem o desviou.
Quem dera o Brasil pudesse aprender um pouco com os japoneses que sabem respeitar seu próximo e que pensam que o outro é um igual e não um inimigo.

Até a próxima!
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