Sobre mim

Professora de formação. Viajante de coração.
Meus caminhos pelo mundo são feitos de história, poesia e felicidade. Descubro lugares e me descubro através das viagens.
Como diz o velho ditado: A gente só leva da vida a vida que a gente leva.

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terça-feira, 17 de novembro de 2015

A luz de Paris não se apagará



Em princípio eu não ia me manifestar aqui no blog sobre os atentados que assolaram Paris na última sexta-feira, 13 de novembro. 
Mas como ficar calada e impassível quando a cidade que é o maior símbolo do pensamento livre no mundo foi atingida tão barbaramente?? 
Paris é minha cidade do coração e atingi-la dessa forma estúpida e cruel faz meu coração sangrar. 
Felizmente nenhum dos meus amigos ou conhecidos estava na região dos atentados. Ninguém que conheço ficou ferido ou morreu, mas ainda assim, chorei pelas dezenas de feridos e mortos desconhecidos. Sofri a cada notícia que via na TV, a cada leitura na internet. Como disse Ricardo Freire no seu blog Viaje na Viagem: "Foi a 10 mil km, mas parece que foi a 3 quarteirões de casa".

Contudo, o que mais me comoveu foram as manifestações de solidariedade como o movimento que surgiu no twitter com a hastag #porteouverte , em que diversos franceses abriram suas casas para abrigar as pessoas que estavam nas ruas e não conseguiam voltar para a casa/hotel no meio da confusão, já que ruas e metrôs foram fechados pela polícia. 
É de uma generosidade e de uma coragem imensas imaginar que alguém vai abrir suas portas a um desconhecido em meio a ataques terroristas daquela magnitude. 
Outra demonstração de solidariedade foi a dos taxistas que desligaram seus taxímetros e colocaram o máximo de pessoas dentro de seus carros e as levaram para longe do tumulto. 

Eu não sei, realmente, o que está por trás desses atentados, se é uma questão política, geográfica, religiosa ou tudo junto, mas o que sei é que essa gente que amarra, voluntariamente, um colete cheio de bombas ao corpo não pode ser normal!  
Qualquer tipo de fanatismo é abominável, porém mais abominável ainda é ouvir gente falando que "a França foi avisada quando teve o atentado do Charlie Hebdo em janeiro e eles tinham de ter parado de falar mal da religião islâmica"...esse pensamento é igual dizer que uma mulher merece ser estuprada porque provocou o cara usando minissaia. Absurdo! Onde está a lógica de pensar que num país laico e com liberdade de expressão em que esses pilares são a LEI, uma religião deve se sobrepor a essa lei? Em que país laico seria possível aceitar que uma religião fosse mais importante que a lei?? 
Mas o pior é que nem preciso ir muito longe, pois no Brasil o fanatismo religioso cristão (seja ele católico ou evangélico)  vem beirando o absurdo no congresso nacional! Mas isso não é assunto para esse post...

Nos últimos dias tenho chorado por Paris não apenas porque eu amo a cidade mas porque o que esse estado islâmico cruel tentou atingir não foi somente uma cidade, mas sim os pilares da vida na França. A França, e Paris em especial, representa tudo o que eles mais temem e por isso odeiam. Porém, sei que os franceses, passado o luto, irão retomar sua rotina, voltarão a ir a bares, shows e a se divertir em cafés e restaurantes porque esse é o modo de vida francês. Os jornais satíricos continuarão fazendo sátira seja de Maomé, seja do Papa ,seja da política ou seja de qualquer outro assunto que mereça uma sátira. E não venha me dizer que pessoas devem morrer por causa disso.

A luz, símbolo de Paris (seja pelas ideias iluministas, seja pela luminosidade que a cidade exala deixando claro o seu esplendor) incomoda aqueles que vivem nas trevas do fanatismo. Podem tentar ofuscar essa luz. Podem fazê-la tremular, mas jamais a apagarão, pois Paris é o berço do pensamento livre, da laicidade, do "savoir vivre" e dos direitos humanos e esses valores nenhuma arma ou bomba será capaz de apagar! 

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