Sobre mim

Professora de formação. Viajante de coração.
Meus caminhos pelo mundo são feitos de história, poesia e felicidade. Descubro lugares e me descubro através das viagens.
Como diz o velho ditado: A gente só leva da vida a vida que a gente leva.

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segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Poema

Saudações!
Aqui vai o poema prometido sobre a Velha 206, a Maria Fumaça que deixou de operar em Conservatória, mas que virou ponto turístico obrigatório da região. Conta a história que no século passado, quando ela ainda operava, levando o café da região, seu trajeto era através do túnel do distrito, que foi construído exatamente para que ela pudesse passar. Esse túnel é muito especial, pois fica próximo a uma nascente e verte água por suas paredes. Ao parar de funcionar, a Maria Fumaça levou consigo o último sopro de passado, mas os românticos seresteiros do lugar não perderam tempo e viram naquelas águas do túnel uma linda metáfora: é como se ele estivesse chorando de saudade de sua companheira 206.
José Borges imortalizou isso em sua canção "Rua das Flores" e o Moa, um poeta que tem uma das lojas mais lindas do distrito fez esse belo poema que segue:

Uma Lenda

Velha 206
quem te vê assim, parada
nem de longe há de supor
que tens um belo segredo,
humildemente guardado,
em nome do Grande Amor.

Velha 206,
quem vem a Conservatória
não sabe o quanto te deve.
Não sabe que, alta noite,
quando a cidade adormece
tu te pões a trabalhar.
Um anjo - bom maquinista! -
atrela em ti os vagões
que tu aguentas puxar.

E neles , com alegria,
anjinhos carregadores
põem cargas de problemas
vividos no dia-a-dia.
São mentiras, são verdades,
são sonhos, são frustrações,
são versos soltos, quebrados,
são pedaços de canções...

Velha 206,
quando o chefe da estação -
outro anjo, com certeza -
dá o sinal de partida,
é tua vez de cantar:

"Bota fogo, anjo foguista,
solta o freio, maquinista,
que pro céu eu vou levar
essa carga tão pesada,
essa carga tão pesada,
essa carga tão pesada,
logo, logo, eu vou chegar!"

Velha 206,
ao deixar Conservatória
quando o visitante volta,
mais leve, de "alma lavada",
para a casa aonde mora,
não se dá conta, talvez,
do encanto de tua história.

Velha 206,
quem me contou teu segredo
foi o Túnel da cidade,
teu velho amigo de outrora,
que de ti sente saudade...
e que, de saudade, chora.

(Moacyr Sacramento, o Moa)

Essa foi a melhor descrição da sensação que se tem ao deixar Conservatória...a gente sai de lá realmente mais leve, mais feliz e tem mesmo a impressão de que nossos problemas foram levados a outro lugar...só indo lá pra sentir isso! Mas tenho certeza de que você, que ainda não foi, ao regressar de sua primeira viagem e reler esse poema vai ter essa exata sensação!

O Moa tem uma loja numa das ruas principais (a rua que vai) chamada "Casa do Poeta" onde você pode encontrar poesia e arte misturadas! São telas ou cartões com poemas escritos. Vão desde um poema como esse aí de cima até quadrinhas singelas, perfeitas para dar de presente a quem se ama. Os assuntos dos poemas são variados e cabem bem em qualquer situação. Pra quem não quer nada escrito, há também a opção apenas das pinturas que são muito bonitas. A loja aceita cartão de crédito, aliás, é uma das poucas em Conservatória que aceita, mas os preços não são salgados. São justos, pois você estará adquirindo não apenas uma obra de arte (tanto de pintura quanto de literatura), mas estará levando consigo um pedaço de Conservatória.

A bientôt!

sábado, 2 de agosto de 2008

Despedida dos seresteiros


Saudações!

Esse vídeo é da música que os seresteiros cantam para se despedir tanto na seresta quanto na serenata...toda vez que eu escuto dá um gostinho de saudade!

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Continuando a narração do meu fim de semana em Conservatória

Saudações!!

Acordamos cedo no sábado, afinal, não queríamos perder o show de chorinho que sempre acontece no café da manhã na Pousada Martinez. Mas dessa vez tivemos uma agradável surpresa: além do Ronaldinho do cavaquinho, figura já conhecida naquela pousada, fomos brindados também com a presença de Pedro Quinane, um seresteiro que frequenta Conservatória há 46 anos. Ele foi nos encantar com sua música e com suas histórias sobre a região. Foi um café da manhã bem gostoso...depois tirei foto com ele e comprei o DVD que ele vende com a história de Conservatória.
Após o lauto café, resolvemos gastar as calorias adquiridas andando pelas (duas) ruas da cidade e fomos dar um passeio. Aproveitei para registrar nossos passos: Primeiro passamos pela antiga ferroviária, ao lado há um banco com um trecho de uma música bem conhecida.

Depois passamos pela velha 206, a Maria Fumaça aposentada que passava pelo túnel que chora e que rendeu um lindíssimo poema de Moacir Sacramento, o Moa, poeta da região que tem uma das mais bonitas lojas da cidade: a "Casa do Poeta". Depois eu posto o poema na íntegra.


Passamos novamente em frente ao Museu da Seresta e, dessa vez, este quadro estava pendurado, contando um pouco do que acontece nas noites de sexta e sábado em Conservatória.



Depois fomos seguindo para as melhores atrações do lugar: os Museus de artistas antigos. Vicente Celestino,que ficou imortalizado com a canção "O ébrio" tem um museu só pra ele.


Alguns outros artistas dividem esse outro museu.


Algumas das placas colocadas nas casas pelo movimento "Em toda casa, uma canção" agora tem a letra também.



Numa das praças da cidade mais camisas com trechos de canções de amor. Tirei essa foto porque "Eu sei que vou te amar" é umas das minhas músicas preferidas!


Lá pelo fim da tarde, fomos comer uns pastéis nesse restaurante. Tinha música ao vivo, como 99% dos restaurantes de Conservatória e não cobrava couvert artístico. Com música, eu garanto, os pastéis têm outro sabor!


À noite, antes da serenata, que é a cantoria ao sereno (daí vem o nome), há música por todo canto onde se vá...é lindo!



Antes do povo sair pelas ruas com seus violões, há um encontro no Museu da Seresta.
Na noite de sábado houve serenata. Não choveu. Pelo contrário! O céu estava lindo e estrelado e ficamos até 01:00 da manhã cantando pelas ruas da cidade. Foi muito lindo, como sempre é. Algumas janelas piscaram suas luzes mostrando que estavam gostando da cantoria, algumas moças surgiram na janela dando a impressão de que estávamos em uma novela de época.
É incrível como eu sempre tenho a sensação de estar vivendo aquilo pela primeira vez. Já fui a Conservatória nove vezes, mas é permanente o sentimento de se estar vivendo algo novo e diferente. É um pouco difícil de explicar, só vivendo mesmo.
Lá é o lugar para onde vou quando quero recarregar minhas energias e, de repente, naquela noite enluarada, ouvindo aquelas canções de amor, todos os problemas parecem tão distantes! A vida fica tão simples! E mais uma vez eu fui dormir leve e com a sensação de que o mundo tem jeito e de que podemos ser felizes.
A bientôt!

VIAGEM REALIZADA EM JULHO DE 2008

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Ainda existem serenatas para a lua

Saudações!
A viagem a Conservatória foi tudo de bom!!!! Tudo começou na sexta-feira pela manhã quando saímos da casa da minha mãe, passamos pra pegar minha tia e pé na estrada! Fui seguindo meu mapinha de referências particular ( um pedaço de papel que guardo no porta-luvas com as indicações de como ir a certos lugares) que funciona melhor que GPS e tivemos uma viagem tranquila até Barra do Piraí. Lá dentro da cidade, me perdi um pouco, pra variar. Não que meu mapinha estivesse errado, eu é que sou desconectada mesmo...enfim, conseguimos chegar! O dia estava lindo! Nos instalamos no quarto da "Pousada Martinez", deixamos a bagagem e saímos a pé para almoçar...




... no restaurante "Dó, ré, mi", um dos melhores e mais concorridos do local.




"Barriga cheia, mão lavada, pé na estrada". Findo o almoço, fomos passear pelo distrito e rever as lojinhas de artesanato típico...



...as camisetas com letras de músicas...


...a praça que agora tem uma árvore genealógica onde figuram todas as pessoas ilustres de Conservatória que, de alguma forma, contribuíram ou contribuem para que Conservatória seja conhecida como a "Capital da serenata"...


À noite, fomos ao museu da seresta que hoje é conhecido como "Espaço José Borges", em homenagem a um dos irmãos que perpetuaram o movimento das serenatas pelas ruas da cidade. Seu irmão, Joubert de Freitas ainda está vivo, tem 86 anos e participa quinzenalmente das serenatas. Pena que não fomos no fim de semana em que ele estava presente...essa aí é a estátua que fizeram de José Borges, a quem eu tive a sorte de conhecer em vida, no ano 2000.


Infelizmente, sexta à noite, não teve serenata pois choveu e os violões não podem ficar molhados, por isso voltamos cedo para a pousada (por volta de 23:30) e quando chegamos lá: surpresa! Havia uma seresta!! É que um grupo de umas 40 pessoas em excursão havia se hospedado lá à tarde e, como não houve serenata e eles estavam com seus instrumentos, resolveram animar um pouco a noite cantando lá na sala de TV da pousada! Foi ótimo! O mais incrível dessa noite foi que lá pela 01:00 da manhã um seresteiro chamado Pedro Quinane pediu licença, foi com seu violão para a beira da piscina e fez uma serenata para lua!!! LINDO!!! Pena que eu não estava com a máquina para registrar esse momento tão romântico. Quando a gente pensa que Conservatória não pode mais nos surpreender...pimba! Algo inusitado acontece!
Fui dormir leve, leve, embalada por todas aquelas belas cantigas de amor...
A bientôt!

VIAGEM REALIZADA EM JULHO DE 2008


quinta-feira, 24 de julho de 2008

Hoje não tem foto

Saudações!

Amanhã a essa hora estarei lá em Conservatória me preparando para sair em serenata...Já está tudo pronto: malas, roteiros, carro. Agora é só acordar amanhã cedo e passar os próximos 3 dias num mundo à parte, descansando de todo o corre-corre da cidade grande...3 dias de paz! De pura paz!
Conservatória é meu porto seguro, é o lugar para onde fujo quando quero ver o mundo sob novas perspactivas. É minha Pasárgada, meu Potosi, meu Shangri-lá.

Na volta eu posto as fotos e conto os detalhes da viagem!
A Bientôt!

domingo, 13 de julho de 2008

Queda da Bastilha



Saudações!

Amanhã é 14 de julho,dia em que se comemora a queda da Bastilha em Paris. Esse é o marco oficial do início da Revolução Francesa, que mudou profundamente não só a história da França, como também de todo o mundo ocidental.

A Bastilha era uma prisão para onde eram mandados aqueles que eram contra o governo,mas em 1789 ela tinha apenas 7 presos e já não era mais temida pela população. Sua derrubada foi, na verdade, uma forma de simbolizar a insatisfação com o Regime Absolutista da época. Sua queda simboliza também a entrada das classes populares na luta contra os privilégios da nobreza e do clero. É a partir desse momento que o povo passa realmente a acreditar e a pregar o ideal iluminista de "liberdade, igualdade e fraternidade".
Hoje, do local onde ficava a Bastilha, resta apenas o perímetro da antiga fortaleza traçado no asfalto e dos ideias da Revolução Francesa resta apenas o sonho utópico de que um dia haja liberdade e fraternidade em um mundo em que todos possam se sentir iguais perante a lei.
A bientôt!

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Uma cidade mágica


Saudações!

Conservatória é o tipo de lugar que você vai a primeira vez por curiosidade e depois nunca mais consegue deixar de ir! Talvez pela sua aura de cidade do interior, talvez pela hospitalidade das pessoas ou ainda porque lá é possível esquecer qualquer problema ou estresse vividos no dia a dia das grandes cidades (cabe dizer que o distrito é a prova da veracidade do provérbio : "quem canta seus males espanta").

A primeira vez que estive lá foi no inverno de 2000. Eu e meu, então, marido tínhamos recebido várias indicações de parentes e amigos sobre o local. Pulsava em nós aquela curiosidade quase juvenil de ver como seria uma cidade em que ainda existiam serenatas ao luar e onde a maioria da população já estava na terceira idade e era até mais ativa que nós. Fomos sem pousada reservada, assim, com a cara, a coragem e a crença de que não seria difícil arranjar lugar para pernoitar. Ledo engano! (Aqui vai um conselho: reserve antes uma pousada, pois hoje em dia, você pode não ter a mesma sorte que eu tive há 8 anos atrás)

Chegamos numa sexta-feira no horário do almoço, demos uma volta pela cidade (aqui leia-se: percorremos as duas ruas, uma que vai e outra que volta) e escolhemos o simpático restaurante "Dó, Ré, Mi" para saciar nossa fome. Uma comida deliciosa! E uma calma e simpatia no atendimento que só é possível em locais em que "pressa" é apenas uma palavra no dicionário.
Devidamente alimentados fomos procurar um local onde pudéssemos deixar nossas malas (na verdade era apenas uma) e descansar um pouco antes da grande atração noturna da cidade.
Entramos em várias pousadas para perguntar se havia vaga. Nenhuma! Estávamos a ponto de chorar por ter de voltar para casa sem pouso quando alguém nos indicou uma pousada "um pouco mais longe". Esse "longe" era no máximo uns 300, 400 metros do centro. Lá fomos nós ao encontro daquela que acabaria por se tornar minha casa em Conservatória: a "Pousada Martinez". Um local simples, mas de ambiente extremamente acolhedor! O nome da pousada vem de seu dono, Sebastião Martinez, que não só administra como também mora na pousada. Ele e sua família. Provavelmente é isso que traz o tom tão aconchegante do lugar, é como se estivéssemos mesmo morando com aquela família!
O quarto é bem simples, com uma cama de casal, um frigobar que pode ser abastecido pelo próprio hóspede, uma TV que pega 3 ou 4 canais ( pra que mais? Se eu quisesse ver TV teria ficado em casa, não acha?) e um banheiro limpo com um chuveiro bem quente!

Hoje em dia, passados 8 anos, a pousada mudou um pouco, fez algumas reformas e conta com piscina, uma grande sala de TV e um espaçoso refeitório para o delicioso café da manhã acompanhado de um músico que toca chorinho para o deleite matutino dos hóspedes, mas disso eu falarei em outro post.

Após preenchermos a ficha de entrada e deixarmos a bagagem no quarto, fomos novamente para a cidade dar uma volta. Existem diversas lojas de artesanato, quase uma ao lado da outra! Muitas parecem casas e às vezes você tem a sensação de estar invadindo propriedade privada ao entrar em alguma lojinha (uma vez, porém, invadimos mesmo! A casinha era tão bem decorada que quando nos demos conta a dona estava sorrindo, quase nos oferecendo um café e explicando que nada daquilo estava a venda, que era a decoração dela mesmo! rs).
As lojas vendem, basicamente, objetos para turistas, desde cachecóis para cantar na fria madrugada sem danificar as cordas vocais até delicadas violas feitas em madeira para serem usadas como porta-chaves. Isso, claro, sem falar nas inúmeras camisetas com aqueles dizeres clássicos "Estive em Conservatória e lembrei de você". O diferencial dessas camisetas é que algumas, em vez dessa frase tão batida, colocam trechos de canções de serestas que foram ou serão ouvidas durante a serenata. É um mimo especial e, em geral, barato.
Há também, quase chegando à uma das praças, uma loja que vende CDs. Essa sim vale a pena olhar com calma, principalmente se você gosta de músicas antigas! Há CDs que você dificilmente encontrará em outro lugar. Cantores como Nélson Gonçalves, Sílvio Caldas, Vicente Celestino, Francisco Alves, Cauby Peixoto, só para citar alguns... é uma delícia ficar garimpando novidades (?) que raramente seriam encontradas por essas bandas, nem mesmo pela internet!

Após esse breve passeio, voltamos à pousada para tomar banho e descansar um pouco até umas 21:30 que é o horário ideal para se retornar ao centro, pois dá tempo de fazer um lanche rápido (lembre-se de que o tempo lá tem uma conotação diferente, portanto "rápido" significa por volta de uma hora) e ir até o "Museu da Seresta" observar o início da cantoria que foi o motivo que nos levara até lá.
Quando chegamos naquele mês frio de julho de 2000 éramos quase que os único jovens do lugar ( e olha que já tínhamos quase 30 anos!) e ficamos meio acanhados ali, do lado de fora do museu, ouvindo as músicas e vendo, através de suas janelas, o interior repleto de livros e capas de discos penduradas nas paredes.
Foi então que um senhor muito simpático, chamado José Borges, viu nossa cara de "marinheiros de primeira viagem" e nos abordou para contar a história do museu, da cidade e do movimento chamado "Em cada casa, uma canção". Esse movimento (fundado por ele e pelo irmão Joubert de Freitas, o que eu só vim a saber depois!) consistia em que cada casa de Conservatória tivesse ao lado da sua porta de entrada uma plaquinha de metal com o nome de uma música da preferência daquele morador. As placas não se repetem. São 403! E a cada serenata os músicos param em frente às casas e cantam aquela música, se o morador gostar, pisca a luz de fora da casa 2 vezes. Acho que foi ali que eu me apaixonei por Conservatória! Parecia coisa de filme do século passado! A cidade toda colaborava, tudo era harmônico!
E assim, quando os músicos saíram com suas violas naquela noite enluarada de sexta-feira, cantando canções das quais eu me lembrava de ter ouvido na infância, nós, como todo mundo, seguimos o que parecia um cortejo (e era: um cortejo à lua!) e cantamos junto, sorrindo e esquecendo por duas horas todos os problemas ou infelicidades que pudéssemos ter tido e vivendo uma sensação mágica que nenhuma palavra será capaz de descrever!

A bientôt!

Em tempo: Voltei a Conservatória em 2013 e a  loja de CDs não existe mais e quem quiser comprar Cds antigos tem de ir ao Museu Vicente Celestino, localizado perto da Maria Fumaça, na entrada da cidade.

domingo, 29 de junho de 2008

A música está em todo lugar


Saudações!

Conservatória foi um distrito muito rico nos áureos tempos em que o café era nossa "moeda forte" aqui no Brasil. Havia mais de 100 fazendas que plantavam o café e o escoavam pelo antigo caminho ferroviário que vinha das Minas Gerais e ia para a Corte, na cidade do Rio de Janeiro, de onde seguia para o porto e outras cidades do país. Essa cultura cafeeira utilizava largamente o trabalho escravo em suas lavouras e mesmo na construção de pontos que hoje são ícones do local como o "Túnel que chora", cujo nome se deve às gotas vindas da nascente sobre ele, que tem 100 metros de extensão e por onde trafegava a Maria Fumaça, hoje parada à entrada da cidade como atração turística. Em tempos remotos a Maria Fumaça puxava não somente vagões com a produção de café, mas também com passageiros e foi aposentada em 1960, após quase 80 anos servindo de interligação entre o vilarejo e os estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Também datam do século XVIII as construções de algumas casas em estilo colonial (e preservadas até hoje!) e cujas telhas foram feitas ainda nas coxas pelas escravas.

Em 2008 comemoram-se 130 anos de serenatas em Conservatória, desde que Andreas Schimidt, um professor de música, resolveu sair pela noite enluarada tocando seu violino e atraindo espectadores e posteriormente, adeptos. Hoje o distrito conta com pouco mais de 4 mil habitantes, muitos transformaram suas casas em pequenas pousadas que recebem o turista com um aconchego que só é possível em uma cidade do interior. Durante o dia, o turista pode desfrutar de diversas barraquinhas e lojinhas com artesanato local; doces; licores e queijos produzidos na região. Tudo isso brindado por um céu quase sempre muito azul, uma temperatura amena e a possibilidade de ser surpreendido por uma música conhecida em qualquer esquina.

A Bientôt!

Viagem a Conservatória confirmada!


Saudações!

Acabei de receber o email com a confirmação da minha reserva em Conservatória. Daqui a um mês estarei na cidade mais tranquila do estado do Rio de Janeiro.
Na verdade, Conservatória não é uma cidade, mas um distrito do município de Valença e fica no alto de uma serrinha muito simpática, cuja estrada é ladeada de placas com frases pinçadas de músicas famosas de seresta. Aliás, o lugar é famoso exatamente por sua singularidade:
Todos os fins de semana, na sexta-feira, há um encontro no Museu da Seresta (que fica bem no centro, facílimo de encontrar posto que o distrito parece ter apenas duas ruas, uma de ida e uma de volta) por volta das 21:30. Ali reúnem-se todos os cantores e aspirantes a cantores do lugar, além da enorme quantidade de turistas, para fazer o que mais amam: cantar! E apenas cantar!
São músicas de um tempo em que eu nem era nascida; músicas que nos fazem atravessar o túnel do tempo e voltar a um Rio de Janeiro dos anos 20, em que os homens usavam terno para ir à Confeitaria Colombo e as mulheres começavam a encurtar o cabelo numa singela tentativa de igualdade. Eram anos em que podia-se andar na rua sem medo de ser assaltado; em que podia-se acreditar na palavra das pessoas; em que o rádio era o aparelho mais desejado entre as famílias de classe média.
Por volta das 23:00 os seresteiros colocam seus chapéus, penduram seu violão no ombro e dão início à SERENATA AO LUAR, um dos movimentos mais lindos que já vi ! E o mais incrível: totalmente de graça! E lá vão eles, entoando canções de outrora, pelas ruas de Conservatória. Em cada casa há uma placa com o nome de uma canção. Ao passarem diante das casas, caso o morador se agrade do que ouve, existe um código: piscar duas vezes a luz de fora da porta; esse é o sinal para que os seresteiros saibam que aquele morador dormirá feliz ao som das belas músicas cantadas por vozes ora profissionais, ora amadoras.
Em geral o espetáculo dura em média de uma hora e meia a duas horas pelas ruas principais do distrito e termina lá pela 01:00 da manhã no mesmo ponto em que começou. Ao terminar, deixa um gosto de saudade, não apenas das cantigas ouvidas e cantadas com tanto sentimento, mas também de um tempo que passou (um tempo que eu nem vivi, mas do qual sinto imensa falta!).
Contudo o turista não precisa se preocupar, pois no dia seguinte, no mesmo horário, haverá outro encontro, provavelmente com as mesmas pessoas, em geral para cantar as mesmas músicas, mas com uma sensação deliciosa de que está sendo a primeira vez!

A bientôt!

Atualização: Desde o início de 2010 que os encontros para a seresta passaram a acontecer na Casa da Cultura, localizada ao lado da praça da Igreja Matriz. 

segunda-feira, 23 de junho de 2008

O melhor da viagem é esperar por ela?

Saudações!

Inicio este blog como um misto de caderno de planejamentos e diário de bordo. Aqui estarão minhas expectativas e impressões dos lugares que quero e/ou vou visitar. Haverá também dicas importantes retiradas de livros, revistas e experiências alheias.
Sou daquelas que acredita que quanto mais a gente sabe sobre a cultura e os hábitos de um lugar, mais a gente poderá aproveitar nossa estada por lá.
Minhas viagens sempre começaram em minha cabeça. Algumas já se tornaram uma doce e intensa realidade e as outras...bem, as outras ainda se tornarão!
Tenho certeza de que, com planejamento, estudo e dedicação, minhas próximas viagens serão maravilhosas e eu terei muitas e boas histórias para contar sobre cada um dos lugares fantásticos onde pretendo ir, mas como dizem que "o melhor da festa é esperar por ela", ficarei aqui fazendo planos e anotando toda e qualquer dica que eu julgar preciosa para poder aproveitar o máximo de cada cidade. E como diz o poeta:

" Feliz de quem afaga uma esperança
pois quem um bem espera e nunca alcança
dele goza metade enquando espera!"

A bientôt!
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