Sobre mim

Professora de formação. Viajante de coração.
Meus caminhos pelo mundo são feitos de história, poesia e felicidade. Descubro lugares e me descubro através das viagens.
Como diz o velho ditado: A gente só leva da vida a vida que a gente leva.

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sábado, 21 de maio de 2016

Chegada a Barcelona e visita a Figueres

Hola, amigos!

Saí cedo de Sevilha. E um tanto triste por ter de deixar para trás essa cidade que tinha arrebatado meu coração. O caminho para Barcelona era longo. 5h30 de trem. A  grande vantagem é que eu iria direto, sem precisar fazer baldeação em Madri.
O trem era bem confortável e o vagão de primeira classe me dava direito a uma refeição  que consistia em  pão, azeite e molho de tomate (bem espanhol!),  acompanhado de  uma espécie de torta de batatas com peito de peru, frutas, uma bebida quente e outra gelada.  A grande vantagem de viajar no inverno é que os trens são bem mais vazios!



Cheguei a  Barcelona na estação Sants  e, ali mesmo, peguei o metrô em direção ao meu hotel  que ficava  bem em frente da estação Urquinaona.  O hotel tem o mesmo nome da estação e sua localização era excelente, perto de tudo , com muitos bares, lojas e restaurantes. Dava para fazer muita coisa a pé. Deixei minhas coisas lá e fui dar uma volta de  reconhecimento, já que eu não ia a Barcelona há 5 anos.  Passeei pelas ruas relembrando aquela  Barcelona que eu havia conhecido no verão e que me parecia tão diferente nesse mês de inverno. No entanto, a cidade estava surpreendentemente cheia. Fui até a Plaza de la Catalunya, dei uma volta pelas famosas Ramblas, vi alguns shows de música bem interessantes pelas ruas, comprei até um CD! E jantei paella num restaurantezinho fofo que encontrei pelo caminho. Pena que não lembro o nome. Voltei  pro hotel para descansar pois no dia seguinte eu queria ir a Figueres.

Passeando pela Ramblas

Plaza de la Catalunya

Plaza de la Catalunya

Paella deliciosa! 
Acordei cedo e fui a estação Barcelona Sants para pegar o trem cercanias até Figueres. Não foi muito fácil de encontrar a plataforma e as pessoas que dão informações não estavam em seus dias de maior simpatia, mas acabei conseguindo descobrir. Figueres é cidade natal  de  Salvador Dalí e onde ele mesmo criou, em 1974,  um museu  dentro de um antigo teatro.  Eu tinha muita vontade de conhecer esse museu  já que  sou apaixonada pelas obras desse pintor surrealista e já fui a diversas exposições dele. Todas inusitadas e encantadoras. Todas deixando uma inquietação presente na alma. 

Entrada do Teatro-Museu Dalí

Contudo, esse é um museu com obras muito mais tocantes. Ali está exposta toda  a perturbação que assolava a alma daquele gênio  em seu nível mais profundo. E essa  pseudo- loucura está  exposta brilhantemente em forma de arte.  Mas é preciso tempo e disposição para poder digerir toda a informação contida naquelas 22 salas. Não é fácil.  Algumas obras machucam, doem, incomodam. Fazem vir a tona sentimentos esquecidos. Algumas vezes eu voltei a salas pelas quais eu já havia passado para tentar entender melhor, para tentar sentir com mais profundidade. Saí  de lá um pouco tomada por essas perturbações que demoraram um tempo  para se sedimentarem dentro de mim. Esse é um museu para quem quer realmente mergulhar  no mais profundo da obra de Dalí. Talvez nem todos estejam  preparados.  Mas vale a pena.
O museu fica a uns 15 minutos caminhando da estação. Aliás, uma dica: existem duas estações de trem com o nome de Figueres, uma é Figueres mesmo e outra é Figueres-Villafant. Compre passagem para a primeira porque a Villafant fica longe do centro da cidade. A viagem dura 1h30 em média. 



Vou publicar as fotos de apenas três das obras aqui no blog para não tirar o impacto de quem for ao Museu. O passeio durou o dia todo e pude voltar para Barcelona, naquela 1h30 dentro do trem, pensando e analisando tudo o que tinha visto e sentido. O dia foi intenso. E muito proveitoso.

Até a próxima!

VIAGEM REALIZADA EM JANEIRO DE 2016


sexta-feira, 29 de abril de 2016

Último dia em Sevilha: já quero voltar!

Hola, amigos! 

Era domingo e também meu último dia nessa cidade pela qual eu havia caído de amores. Eu teria de aproveitar da melhor forma esse dia, por isso, logo após o café da manhã, saí ainda bem cedo e fui andando em direção ao Parque Maria Luisa.
A cidade estava vazia, lojas fechadas. Os espanhóis têm a fama de acordar tarde, especialmente aos domingos. Mas era bom passear por uma Sevilha vazia, quase uma cidade fantasma. Eu tinha a sensação de tê-la toda para mim. Passei pelo centro histórico, tirando fotos dos mesmos lugares pelos quais já havia passado, porém, sob novos ângulos,. Fotografei as  belas vitrines sem ninguém na frente e aproveitei para respirar a beleza de uma cidade colorida e que ganhava uma  luminosidade preguiçosa que incidia lentamente sobre suas construções.






Não havia ninguém na rua. Quando em vez eu cruzava com um atleta fazendo seu cooper matinal, mas na maior parte do tempo éramos apenas eu e a cidade, vivendo aquela paixão silenciosa. E eu me perguntava quando, em sã consciência, eu andaria pelo Rio de Janeiro num local tão deserto e sem nenhuma preocupação? Desisti de me responder quando dei de cara com a Plaza de España, uma praça simplesmente DESLUMBRANTE, que fica dentro do Parque Maria Luisa. Ela foi construída para a exposição de 1929 e seus azulejos, cerâmicas e detalhes, que misturam estilos, são encantadores. É apenas uma praça, mas dá para passar o dia lá sem conseguir apreender todos os detalhes, toda a riqueza de sua arquitetura e toda a beleza ali inserida. As fotos, claro, não chegam nem perto da magnificência do lugar.
Depois de inúmeras fotos, de todos os ângulos possíveis, eu não parava de me indagar como aquela cidade podia ser tão linda. Como era possível que houvesse tamanha beleza em um único lugar no mundo, além de Veneza.







Já, refeita do encantamento, continuei meu passeio pelo parque Maria Luisa, pois eu queria encontrar o Museu de Artes y  costumbres (funciona de terça a sábado de 9h às 19h30 e aos domingos, de 9h às 15h30, ingresso a 1,50 euros) que ficava exatamente do outro lado do Parque, perto de uma outra praça chamada Plaza de las Americas. A medida que eu me aproximava, via uma bela construção, semelhante a um palácio e não podia crer que ali fosse o museu. Mas era. Só a fachada já te deixa de queixo caído. 



Ao entrar, descobrimos como vivia a sociedade espanhola da região da Andaluzia desde priscas eras até os dias de hoje. Seus hábitos, suas festas, suas artes, seus trabalhos, suas crenças, seus costumes. É uma viagem no tempo e na história, da qual é impossível se sair da mesma forma que se entrou. Depois de tanta informação dada de forma tão didática nesse museu, mudamos algo em nós sobre a compreensão acerca desse povo andaluz. Há algo ali que nos identifica e nos resgata. Eu realmente estava embevecida com toda aquela cultura!





Saí de lá me sentindo leve e feliz. Fui almoçar novamente no Genova, aquele restaurante de tapas que mencionei alguns posts atrás. Guisado de carne era a tapa do dia. Delícia!
Dali, fui a um mirante chamado Metropol, na Plaza de la Encarnación, bem perto do meu hostel (aliás, tudo era perto do hostel!) . O lugar é conhecido como “Las setas de la Encarnación” (“Setas”, em espanhol, é cogumelo. E ao ver aquela arquitetura dá para entender o apelido) . Ele foi construído em 2011 e é a maior estrutura de madeira do mundo. Tem 4 pisos. No subterrâneo, há uma espécie de antiquário com vestígios arqueológicos da época romana e árabe. É ali também que se pega o elevador até o topo (custa 3 euros para subir). Lá de cima se pode ter uma visão de 360 graus da cidade. O céu estava especialmente lindo nesse dia e foi uma maneira de fechar minha estadia em Sevilha com chave de ouro. 
Vista da cidade

A  estrutura de madeira

As escadas que nos permitem ver Sevilha em 360°
Claro que eu queria passar mais 3, 5, 1000 dias nessa cidade, mas infelizmente, não era possível. Eu já tinha passagem de trem comprada para Barcelona no dia seguinte. Mas ali, de cima daquele mirante, tendo toda Sevilha aos meus pés e vendo aquela beleza de arrepiar eu me prometi voltar. Há muito ainda a se ver nessa cidade. Muito o que explorar e conhecer.  Ali em cima eu tive a certeza de que Sevilha não seria um caso de amor passageiro. Sevilha era para sempre. Sevilha estava agora impressa na minha alma, assim como Veneza e Paris. Sevilha era minha! E  mais do que isso: eu, agora, também pertencia à ela.  
Até a Próxima! 

VIAGEM REALIZADA EM JANEIRO DE 2016

quarta-feira, 27 de abril de 2016

Córdoba, um pedaço da cultura árabe em plena Espanha católica

Hola, amigos! 

Hoje acordei cedo, tomei meu café no hostel e peguei o ônibus 32 ( passagem a 1,40 euros) até a estação de trem Sevilha-Santa Justa para pegar o trem de 10h45 para Córdoba. A estação de trem de Córdoba é bem pequena, iluminada e simpática. Tem um posto de informação turística onde peguei um mapa da cidade e me informei sobre como ir ao Centro Histórico que fica bem longe para ir a pé. Em frente à estação peguei o ônibus 3 ( passagem a 1,20 euros) e saltei na parada “calle San Fernando” que é a mais próxima da grande Mesquita. Com o mapa na mão, fui seguindo em direção ao rio. Fui andando ali pela margem, observando a bela paisagem com a qual aquele dia de sol e céu azul me presenteava. Que belo e agradável passeio foi aquele! 


Até que, finalmente, cheguei a um grande portal. Atravessando, chega-se à Mesquita, que é, ao mesmo tempo, a catedral da cidade, já foi o maior templo islâmico do mundo e o primeiro monumento muçulmano do Ocidente. Depois da reconquista, em 1262, ela virou uma catedral, mas sem alterar a arquitetura moura. A Igreja se ergueu dentro da Mesquita e o resultado foi algo sui generis!
Pórtico


Colunas árabes com elementos católicos





o belo órgão 
Ver aquelas colunas mouriscas coloridas com aquelas capelas cheias de símbolos católicos dentro daquela arquitetura é de emocionar! Dá até a impressão de que a convivência foi pacífica entre eles, mas sabemos que não foi, já que aquele é um local com toda a cara de templo muçulmano, mas onde eles são proibidos, pelo Vaticano, de rezar, já que , hoje, se trata de um templo católico. A Mesquita funciona de segunda a sábado, de 10h às 18h30 e domingo, de 14h às 18h30 e o ingresso custa 8 euros. Dá para se ficar umas 3 horas lá dentro só observando os detalhes e se perdendo entre colunas, capelas, altares e arabescos.
Ao redor da Mesquita existem dezenas de lojinhas com presentes que parecem saídos de um mercado em Istambul. São todas bem parecidas, no melhor estilo “viu uma, viu todas” e, a não ser que você seja um comprador compulsivo, não acho que valha a pena entrar em mais que duas delas para comprar sua lembrancinha da cidade. 
  


A cidade estava lotada na hora do almoço e os restaurantes tinham fila na porta. Tentei almoçar em um que tinha um cardápio interessante preso na porta, mas sequer conseguir sentar. Acabei indo a um outro, um tanto escondido em um bequinho, mas do qual não lembro o nome. Pra variar, pedi tapas. Aliás, foi em Córdoba  que  comi as tapas mais diferentes da viagem: berinjelas ao mel. Uma delícia!

Berinjelas ao mel
Depois do almoço, dei uma volta pela cidade e fui ao Real Alcazar dos reis cristãos. Lembra quando você aprendeu em história que os reinos espanhóis de Castela e Aragão se uniram com o casamento de Isabel de Castela e Fernão de Aragão? Pois é. Essa era a casa deles. Diz a história que foi ali que eles receberam Cristóvão Colombo antes dele partir para o Novo Mundo. Ali também foi uma das sedes da Inquisição na Espanha. Apesar desse passado nebuloso de inquisição, o lugar é bonito. Ainda guarda alguma mobília da época, como arcas e cadeiras; tem um belo jardim e, como toda construção árabe ( essa também era uma delas) há uma importância muito grande da água na arquitetura interna do projeto, por isso há lagos e fontes em toda o palácio, o que deve amenizar muito o calor em dias de verão. Imagino que Córdoba deva ser uma cidade bem quente pois, em pleno janeiro, eu estava bem confortável apenas com uma blusa e um casaco. O Real Alcazar funciona de terça a sábado, de 10h às 14h e de 16h30 às 18h30 e aos domingos de 9h30 às 14h30. O ingresso custa 4 euros mas às sextas a entrada é gratuita!








Ao sair dali, depois de algumas horas de passeio, subindo e descendo escadas, eu estava um tanto cansada e resolvi voltar para Sevilha. Fui seguindo meu mapa e andando de volta para o rio. Ali, peguei o ônibus 3 novamente e saltei na estação, de onde peguei o trem de volta para Sevilha. Ainda deu tempo de passar numa loja de departamentos bem famosa na Espanha chamada El Corte Ingles, que fica na Plaza del Duque. No último andar existe um espaço gourmet com um mercado cheio de produtos deliciosos e uma praça de alimentação onde comi uma pizza de nozes com pera e queijo gorgonzola deliciosa! 


Voltei andando para o hostel, já que essa tem sido minha atividade favorita em Sevilha, pois a cidade é linda tanto de dia quanto à noite.

Até a próxima!

VIAGEM REALIZADA EM JANEIRO DE 2016

segunda-feira, 25 de abril de 2016

Touros e Flamenco: nada mais andaluz!

Hola, amigos!

Hoje acordei mais tarde. Estava cansada da maratona de ontem. Tomei meu café no albergue e parti para o Museu de Belas Artes de Sevilha ( funciona de terça a sábado de 9h às 19h30 e aos domingos de 9h às 15h30. Ingresso: 1,50 euros) . No meio do caminho me deparei com belos prédios. Um deles me chamou atenção e depois eu descobri que era um shopping! Como eu queria ter um desses na minha cidade: que lugar lindo! Aliás, estou me tornando repetitiva aqui no blog, mas não há outra palavra capaz de definir tudo o que eu estava vendo: beleza, beleza e mais beleza. Palavra que define também o museu de Belas Artes, cujo acervo é praticamente só de obras religiosas, com direito a obras de Velásquez e El Greco, além de um artista sevilhano chamado Bartolomé Estevan Murillo.

Por incrível que pareça, isso é um shopping!
Interior do Museu de Belas Artes
Obra de Murillo, pintor sevillano


Obra de El Greco



Obra de Velasquez
Saindo do museu fui conhecer a Plaza de Toros La Maestranza (funciona todos os dias de 9h30 às 19h. Ingresso: 7 euros) que é o templo das touradas em Sevilha. Não vou aqui me manifestar em relação ao que penso sobre as touradas, pois já fiz isso no post de Madri, mas posso dizer que, independente de qualquer posicionamento, a visita vale a pena. É guiada em espanhol e inglês e a guia nos leva para todos os pontos importantes da arena, incluindo um museu taurino com quadros de toureiros famosos em Sevilha como Belmonte (aquele mesmo retratado no filme “Meia noite em Paris”) , Varelito e Manolo Vasquez, além de nos mostrar os ricos trajes dos toureiros e nos contar, com detalhes, todo o passo-a-passo de uma tourada e nos explicar a importância dela para a cultura espanhola, em especial, para a cultura andaluza.  

Plaza de Toros de la Maestranza


Quadro de Belmonte

Trajes 
Saí da plaza e fui até a margem do rio Guadalquivir, atravessei a ponte e cheguei ao Mercado de Triana, o mercado municipal de Sevilha. Um lugar que vende frutas, legumes e pescados e onde podemos comer uma comida  bem feita e barata.  Pedi tapas. Aliás, estou amando comer tapas em Sevilha! Comi paella, vieira gratinada e camarões. Tudo delicioso e super fresco! Preço imbatível: 20 euros incluindo a bebida!

Atravessando o rio 




Ali, ao lado do mercado, existe um castelo chamado Castelo de São Jorge, mas na hora que cheguei, ele estava fechado e não pude visitá-lo, infelizmente.

Castelo de São Jorge
Voltei a pé para o hostel, aliás, tenho andado basicamente a pé pela cidade. Tirando a estação de trem, que é mais distante, todo o resto é perto e dá para ir a pé, sem grandes sacrifícios. Uma das coisas que eu queria muito fazer em Sevilha era assistir a um show de flamenco e descobri um lugar bem perto do hostel chamado “Casa de la Memoria” que tinha show com preço acessível (18 euros por 1h20 de show). Comprei meu ingresso no dia anterior e depois de descansar um pouco no hostel, me arrumei para ir ao show. O lugar é uma graça. Todo decorado com inspiração árabe. A sala onde acontece o show é pequena, devem caber umas 100 a 150 pessoas, no máximo e, mesmo chegando com meia hora de antecedência, ela já estava lotada! Já no início nos avisam que não é permitido fotografar ou filmar durante a apresentação e que no final, os artistas avisarão que o último número poderá ser filmado ou fotografado.


Sentei numa das poucas cadeiras livres e, pontualmente às 20h, o show teve início. Um rapaz no violão, outro cantando e marcando o compasso com as mãos e um casal dançando. Apenas isso. E durante pouco mais de uma hora isso foi o suficiente para nos transportar ao mundo emocionante do flamenco! Fiquei encantada! Chorei durante boa parte da apresentação e, quando eu olhei para o lado, só vi as pessoas enxugando as lágrimas também. Que música linda! Que dança forte! Era exatamente aquele tipo de show intimista e tocante que eu queria e esperava assistir em Sevilha. Até porque esta sempre foi a cidade que, para mim, reunia todo o arquétipo do que é ser espanhol! E ela não me decepcionou, muito pelo contrário, saí de lá muito feliz! E fui dormir leve, leve, ainda ouvindo, nos meus sonhos, aquela melodia emocionante do flamenco! 
Até a próxima!

VIAGEM REALIZADA EM JANEIRO DE 2016
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